Você fingiu que ia embora e seus olhos se despediram de mim. No vácuo do vento que você não deixou ao pouco passar eu soube o que é a culpa. Você não tem como saber o peso de uma culpa de 9 anos, criança. Cabe dizer que cheira a molhado, cor de coleira primeiro rosa e depois azul. Lembra promessas que você nunca ouviu, mas sempre acreditou, desejando com um modo insuportável de latir.
Preferia aquela brincadeirinha ridícula de me assustar ao pular em mim quando a janela clareava, acordando-me, a essa de chamar a minha atenção perdendo um pedaço seu. Ao ter medo de te perder, só pensava - e chorava - que você nunca foi o grande cachorro que quis, mas a amiga que precisei ter.
Agora continua acreditando em mim, com o mesmo ar bobo de sempre, e eu continuo te cuidando, com esse amor desleixado da vida toda.
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