quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

De Fato, Condicional

E se eu explodisse, e meus estilhaços abrissem carnes, perfurassem peles e rasgassem ouvidos.
Se os olhos se fechassem e as bocas se abrissem em espanto.
Se de todos os corpos o sangue jorrasse, depois escorresse e, enfim, se derramasse em dó lenta.
Eu pairaria então em sarcasmo como sal em ferida.
Meu sorriso giraria em torno do sol. Meus braços ao redor de mim.
E todo esse fluido sanguíneo então seria um rio, que nunca, nunca pararia de correr. Molharia os meus pés e encharcaria a ausência das minhas roupas. Subiria pelo pescoço e invadiria a garganta, que, afogada, pediria que estancasse.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Para te Ofertar

Com o rosto salgado fui também a própria desorganização coletiva, onde a procura de um sentido denunciaria não apenas um ato-falho, mas um destoamento etéro com tudo aquilo que pairava: Os cheiros de gente, perfume doce e azeite, sorrisos azuis, mãos duras e quentes não nos corpos, mas nos espaços entre eles.
A unificação branco-azul dos tecidos da festa fazia sagrada a linha entre o sóbrio e o surreal, um padrão fantástico.
Descendo as escadas, um recado etilicamente divino: "Menina, teu santo é forte". Na areia, pés descalços e atabaques. Nas pedras, olhos fechados e pedidos silenciosos. Na água, presentes.
Três rosas brancas e a conexão topo-haste-base posta em círculo pelo "muito obrigada".
Uma rosa amarela e o altruísmo do "ter".
Uma rosa vermelha e o egoísmo do "arder"
As ondas fortes lamberam o querer, arrastaram- o e o trarão de volta, em braços de mãe.