quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O que eu tenho sentido

É um calor no peito. Como de abraço apertado e há muito esperado.
Essa chama de que tudo vai dar certo.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Havia a menina dos olhos de água

Transbordante aquela menina pelos seus lentos olhos translúcidos.
Havia os olhos prismáticos da menina transbordante de som, refletora de cor, transparente de dor. Havia também o vestido rodado da menina prismática dos olhos de água. E existiam os rodopios daquele vestido, as quedas e saltos infinitamente elípticos das rendas cheirosas a guardado da menina-pássaro.
Ainda que guardado fosse o vestido ou o rodopio do vestido ou as rendas rodopiantes do vestido ou, certeza, a dona do cheiro rodado de rendas do vestido, era tudo seu em qualquer tempo que fosse, pois sempre que girasse, sorrisse, gritasse, explodisse, quisesse, possuísse, amasse, recaísse, deixasse, eclodisse-se, finalmente assim transcenderia de menina dos olhos aguados para o vôo do cheiro, do giro, dela, do pássaro, do vestido, do transbordo. E ainda agora o início já não faz mais sentido nem pra menina, nem pra mim.

Alívio

Acho que é isso de conseguir expirar. Não reparar nas olheiras. Ver os olhos.
E agora me sinto bem, indo dar um passo, como se não tivesse dado tantos outros nesses últimos tempos.
Mas esse agora é diferente, porque vou dá-lo com corpo, alma, suor e calo no dedo e não como se tivesse que levar a mim mesma nas costas.
Tem sido bom pensar em estar de volta.